sábado, 23 de agosto de 2008

O senhor hoje bebeu sumo de Alperce?'




Tenho muita inveja das pessoas que conseguem sair à noite sem beber um copo e ainda assim conseguem divertir-se. Pois eu não. E lembro bem, que houve uma semana em que eu andava a comprimidos e o médico disse-me 'Ouça jovem, você durante o período em que estiver a tomar estes medicamentos nem pense em beber álcool, ouviu bem? – disse-me ele. E eu respondi: 'Ouvi sim, senhor doutor!'. E ele repetiu de novo: Jura por tudo o quanto é mais sagrado? Perguntou. E eu , já de dedos cruzados nos bolsos, lá fui dizendo: 'Mas é claro que sim, senhor doutor. Mas é claro que sim!'. E a verdade, é que não foi assim tão claro e que à custa da ingestão de medicamentos com jack daniels e duas pedrinhas de gelo se fizer a fineza, tive que andar uns bons 3 quilómetros a pé enquanto entoava clássicos da Amália, depois de ter saído da discoteca Industria num memorável 'It’s Amazing'


O problema da bebida, é o álcool. Não tenhamos dúvidas disto. E a sua maior virtude, também é o álcool. Isto é, ninguém bebe só porque tem sede. Pode acontecer – é certo – mas as pessoas bebem, sobretudo, para ficarem mais animadas. E isto não é de agora, porque já no tempo dos antigos egípcios se bebia bastante e acabava tudo com a Cleópatra às cambalhotas até com o próprio irmão. De resto, não sei bem explicar, mas é muito mais divertido ver uma mulher com os copos do que um homem. As mulheres não gostam muito de homens alcoolizados. Enquanto os homens, adoram ver uma mulher com os copos porque significa que à partida estará mais permeável a um possível avanço da nossa parte e acabar lá em casa a tomar o pequeno.


A este nível – no domínio da disponibilidade que alguém tem de se envolver com outra - apetece-me dizer que um homem sóbrio equivale a uma mulher com os copos. Isto é: Para um homem, não é preciso estarmos com os copos para estarmos mais do que receptivos para uma aventura no final da noite. Enquanto que para algumas mulheres, muitas das vezes, a coisa só lá vai com mais uma caipirinha ou safari com cola, que como se sabe, são bebidas tipicamente de miúdas. E reparem. Não é que elas não queiram ter este tipo de experiências – claro que querem – mas no entanto, as mulheres pensam mais, sou mais racionais, analisam pormenorizadamente cada detalhe e pensam muito se será certo aceitarem o convite, se não ficará mal ser logo na primeira noite, se não se irão arrepender depois. Daí que seja tão importante para nós que bebam, porque quanto mais o fizerem, menos perguntas as assaltarão e teremos a nossa vida mais facilitada.


Contudo, ninguém gosta de beber demais. Primeiro, porque se fica com um hálito que Deus me livre e depois porque há o dia seguinte. E o dia seguinte a uma bebedeira da grandes, faz-nos invariavelmente ter uma cabeça quase tão grande como a do 'Luisão' e prometer que não iremos beber mais a partir daí. De maneira nenhuma. Será impossível e seja com quem for, fazemos questão de revelar isto mesmo:' A partir de hoje, não bebo mais. Acabou-se.' E depois disto, é quase certo que poucas horas após esta delirante declaração, se ouve uma outra por parte do mesmo autor que anuncia: 'Dê-me por favor, um vodka maçã!'. E assim se perde toda a vergonha. E não devia.


De resto, houvesse um qualquer sumo natural – imagine-se sumo de alperce - que provocasse a desinibição e sociabilidade que nos dá o álcool e não tenhamos dúvidas que esse sumo seria um êxito. Chegávamos ao bar e dizíamos: Dê-me por favor uma caneca das grandes de sumo de alperce! E era ver-nos a seguir a dançar em cima das mesas. 'Dê-me por favor mais um copo de sumo de alperce! E lá íamos nós aos saltos para o meio da pista. E assim é que era bonito. E assim é que devia ser. E se assim fosse, quase que aposto que com o evoluir deste fenómeno não tardaria que a Brigada de Trânsito ao fazer-nos parar numa sempre animada operação stop, nos perguntaria desde logo: ' O senhor hoje bebeu sumo de Alperce?'

Fernando Alvim

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